Contar com equipe composta por profissionais de trajetórias, etnias e identidades de gênero diversas é um ponto central para o trabalho da Fundação Tide Setubal no enfrentamento das desigualdades
Os valores que norteiam o trabalho da Fundação Tide Setubal no enfrentamento das desigualdades consistem em democracia, diversidade, equidade e colaboração.
Com base nesse aspecto primordial para o desenvolvimento de projetos por parte dos programas e áreas que compõem a estrutura da Fundação, a pluralidade sociorracial, de gêneros, de origens territoriais e de visões de mundo é ponto essencial na atuação da área de Desenvolvimento Organizacional – além de ser um dos compromissos da Política de Diversidade e Inclusão.
O quadro de funcionárias e funcionários da equipe é composto por 29 profissionais, entre os quais 19 são mulheres e uma se autodeclara travesti – ou seja, equivalente a 66% e 3%, respectivamente. Quando o assunto é a perspectiva racial em postos de liderança, entre 11 coordenadoras, coordenadores e gerentes, sete – ou seja, 64% – são mulheres, ao passo que 55% se autodeclaram negras e negros e 45%, brancas ou brancos.
Para efeito de comparação, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,1% da população brasileira é negra – 47% das pessoas autodeclaram-se pardas, e 9,1%, negras.
Outro aspecto contempla também a origem territorial de profissionais que compõem a equipe. De acordo com o censo realizado internamente, 72% de funcionárias e funcionários têm trajetória periférica, enquanto 28% responderam negativamente a essa questão.
Evolução no centro do desenvolvimento da organização
A área de Desenvolvimento Organizacional realizou, por duas vezes, no decorrer de 2022, o Plano de Desenvolvimento da Equipe (PDE).
A iniciativa, cujo propósito evoluiu em comparação com o do ano anterior e que tem como objetivo apoiar a evolução e o aprimoramento de habilidades de colaboradoras e colaboradores, tem também como foco a construção de ambiente propício para a cooperação e potencialização do trabalho das respectivas equipes.
Os aspectos que centrais para a realização do PDE em 2022 foram:
Articulador/agregador: capacidade de trabalho em equipe, buscando iniciativas estratégicas e inovações nos círculos, e de coordenar equipes na perspectiva de harmonizar todos os atos e esforços coletivos e os relacionamentos.
Inovação: capacidade para estar aberto ao novo e assumir riscos com autonomia, estimulando um ambiente de aprendizagem, criativo e inovador que viabilize a mudança organizacional.
Adaptabilidade: adaptar-se às condições favoráveis e desfavoráveis, independentemente de quais forem – econômicas, tecnológicas ou culturais, por exemplo.
Relacionamento interpessoal: cultivar boa relação com colegas nas questões voltadas ao dia a dia profissional.
Democratizar saberes e práticas
A equipe da Fundação Tide Setubal passou, em 2022, por uma série de formações voltadas a dimensões múltiplas na defesa e resistência, cujo objetivo consistiu em abordar temas caros à teoria democrática e explorar formas de resistência democrática. A programação foi composta pelos seguintes encontros:
Discussão do relatório Conservadorismo no Brasil: Entre o Autoritarismo e o Estado de Direito, produzido pelo Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (LAUT), que foi apresentado pelas pesquisadoras Luciana Reis (UFU/LAUT) e Adriane Sanctis (USP/LAUT).
Compartilhamento de vocabulário comum em torno da compreensão sobre democracia e como esse conceito passou por modificações ao longo da história, com a professora doutora Ana Claudia Lopes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Análise sobre as reações à democracia que ocorreram ao longo da história, assimilando conceitos oligárquicos como “corrupção e populismo”, temas fascistas como “violência e hierarquia” e as políticas de despersonalização, com o professor doutor Lucas Petroni, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP).
Efeitos estruturais do racismo no campo democrático, por meio do debate sobre racismo institucional, reparação e reconhecimento e políticas públicas antirracistas, com a professora doutora Marcia Lima, do Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Afro – Cebrap).
Efeitos estruturais das desigualdades de gênero desde a luta das mulheres por participação, contribuições do feminismo negro e formas atualizadas de agência política, com a professora doutora Raissa Wihby, do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória, da Universidade de São Paulo (GPDH-IEA) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Relação entre democracias e desigualdades, a partir da dúvida sobre como as democracias diminuem – ou não – desigualdades históricas, com o professor doutor Michael França, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper).
Relação entre democracia, novas tecnologias e resistência, a partir da dúvida sobre as novas tecnologias democratizarem – ou não – a sociedade, com a professora Monica Oliveira, do grupo de pesquisa Desigualdades e Justiça (DesJus), do Cebrap.