Pular para o conteúdo
Seta decorativa

Comunicação

É sobre o ontem. É sobre o hoje. É sobre o amanhã

Compartilhar
Comunicação

Com duas temporadas, série Ancestrais do Futuro mostra a mobilização das juventudes para transformar as realidades em que estão inseridas

O apoio à produção e à disseminação das narrativas das juventudes periféricas compôs alguns dos aspectos estruturantes do trabalho desenvolvido pela Comunicação da Fundação Tide Setubal em 2022. Essa dinâmica, que orientou a produção audiovisual realizada no Enfrente, canal da Fundação no YouTube, para trazer visibilidade a narrativas que revelem a produção e os imaginários das periferias na construção do enfrentamento às desigualdades e capaz de promover debates que sensibilizem o público para temas voltados às causas institucionais, deu o tom das duas temporadas da série Ancestrais do Futuro.

A websérie, idealizada pela Comunicação, pela área de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal e pelo programa Democracia e Cidadania Ativa, convocou, por meio de carta-convite, coletivas de comunicação de diferentes regiões do Brasil. Após processo de curadoria que analisou 25 projetos inscritos, foram selecionados cinco coletivos – cada um recebeu R$ 20 mil para produzir seu episódio.

Com cinco episódios e lançada no primeiro semestre de 2022, a primeira temporada trouxe a expressão dos jovens para o tema Juventudes, Política e Territórios. O processo de produção contou com mentoria e acompanhamento para produção de roteiro, fotografia, direção e demais aspectos relativos ao processo criativo. Os curtas-metragens foram:

li

Juventude Empírica, projeto produzido pelo Coletivo Apeirom e pelo Coletivo Duca revela o protagonismo político dos jovens da Ceilândia (DF). O episódio revela, por meio da produção artística, a articulação e a ação desses jovens para a construção de caminhos políticos a partir do potencial das periferias

li

Território, Corpo e Floresta, produzido pela Rede Wayuri e pelo Instituto Socioambiental (ISA), mostra o cotidiano e a mobilização política das jovens e dos jovens de São Gabriel da Cachoeira (AM) para a construção de políticas e a criação de novos caminhos em favor da preservação da floresta

li

Movimentos Sociais e Garantias de Direitos, do coletivo Renca Produções e da Interações Culturais, que apresenta o trabalho realizado pelas juventudes de Belo Horizonte (MG) para mudar a lógica estabelecida entre centro e periferia, destacando a articulação de coletivos das periferias da capital mineira em áreas diversas, colocando em evidência os saberes e as inovações sociais

li

Liberdade, curta-metragem produzido pela TV Comunidade, que retrata a relação de um Centro de Tambor de Mina com o bairro homônimo, situado em São Luís (MA), e mostra como a liberdade religiosa pode promover o senso de pertencimento, inclusão e acolhida

li

A Comunidade Jovem Daqui!, da produtora Ara Dudu, mostra diversas histórias das juventudes das periferias de Santa Maria (RS) e como elas podem, por meio de sonhos, lutas e desafios distintos, ser vetores de mudanças e conquistas coletivas.

Do sonho coletivo à realidade

A segunda temporada, lançada em novembro de 2022, contou com 24 inscrições de coletivos audiovisuais de territórios diversos Brasil adentro, que ingressaram no projeto por meio de cartas-convite. Esses mesmos grupos participaram de masterclasses coordenadas por Tony Marlon e Well Amorim, respectivamente, jornalista e cineasta e coidealizador do Perifericu (Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada). Ambos também foram responsáveis pelo processo de mentoria na primeira temporada.

As masterclasses surgiram nesse segundo ciclo com a proposta de deixar um legado para as coletivas que não fossem selecionadas para participar da série com a produção de episódios. A trilha foi composta por oficinas de roteiro, narrativas, produção executiva e outros temas relacionados à produção audiovisual. Além disso, durante as formações, os coletivos participantes expuseram aspectos técnicos relativos às suas produções e vivências artísticas.

Após o processo formativo, os grupos enviaram propostas para a produção de projetos, os quais dialogavam com as suas vivências e os seus territórios de origem. Os conteúdos foram avaliados pelo corpo técnico da Fundação e por três jurados externos: Gabriela Matos, da Renca Produções, o roteirista, diretor e produtor M.M. Izidoro e o ator, poeta e escritor Andrio Candido.

Os coletivos selecionados, que receberam R$ 20 mil cada, produziram os seguintes episódios:

li

SALve, do Coletivo Obirin (PE), pauta a luta por moradia e a importância da moda sustentável por meio dos projetos Casa de Sal e Cabrochas Brechó, desenvolvidos por Edna Dantas e Maria Gabrielly Dantas. Ligando passado, presente e futuro, mãe e filha transformam a realidade da comunidade da Praia do Sossego, no litoral norte da Ilha de Itamaracá, inspirando moradores e denunciando a urgência de se pensar sobre as formas de consumo e o descarte correto de resíduos

li

Nosso Futuro, do MT Queer, mostra um novo Brasil no qual uma lei criada para garantir a paridade de gênero em cargos públicos e eletivos promoveu uma revolução no país. Com perspectiva futurista, o curta-metragem passa por diversas questões relacionadas ao meio ambiente e à pluralidade racial e de gênero e à liberdade religiosa

li

Kumarú: Cura, Força e Resistência, curta-metragem produzido pela Dzawi Filmes, retrata a trajetória do Pajé Naldinho Kumaruara. Na obra, o líder espiritual narra o seu processo de desenvolvimento como liderança espiritual e descreve a sua conexão com os seres sagrados da floresta, atuando muito além dos rituais, mas em defesa de seu povo e território

li

O Sonho Periférico, obra produzida pela Cinequebrada Produções, mostra, por meio de signos estéticos das periferias urbanas de São Paulo, como objetos comerciais de desejo – um par de tênis, por exemplo – podem funcionar como ponto de partida para a busca de transformações pessoais e socioterritoriais

li

No Sábado Eu Dou Autógrafo, produzido pela Rede Tumulto, curta-metragem ambientado na Favela do Totó, na Zona Oeste de Recife (PE), mostra estratégias de reinvenção da favela: um espetinho que vira lavajato, um cantor que é vendedor de vassouras, um musicista que é um ajudante de refrigeração, e como a dinâmica territorial os permite partir, aos fins de semana, em busca do estrelato.

Ancestrais do futuro, agentes do presente

Além da produção dos episódios, outro ponto emblemático na temporada 2 de Ancestrais do Futuro foi relativo à distribuição: cada coletivo organizou exibições dos curtas-metragens produzidos nos respectivos territórios dos quais eles fazem parte.

A equipe da Dzawi Filmes, por exemplo, promoveu sessões para exibir Kumarú: Cura, Força e Resistência em sete aldeias de etnias situadas na região amazônica e promover rodas de conversa com as populações dos respectivos territórios sobre o curta-metragem. Para driblar problemas com a conexão via internet, a projeção foi realizada com o auxílio de pendrives para viabilizar o processo.

Outro exemplo emblemático abrange a premiação realizada pela equipe do MT Queer, relativo às produções do coletivo realizadas no decorrer de 2022, para reconhecer o trabalho de artistas que compõem o grupo. A iniciativa, que também é colocada em prática para apoiar a comunidade LGBTQIAP+ de Cuiabá (MT), contou com a presença de Gaya Vieira, analista de Comunicação da Fundação Tide Setubal.

Sobre impactos e transformações

O processo para formalização do fomento e de repasse do montante para a produção dos episódios foi um dos pontos de destaque dentro do processo.

No caso do grupo MT Queer, de Cuiabá (MT), um aspecto que chamou a atenção se relacionou com o processo simplificado da concessão do valor ao qual o coletivo teve direito, assim como ao processo para prestação de contas.

Todavia, esses procedimentos foram o ponto de partida para algo mais veemente na perspectiva do conjunto. A começar pelo fato de o MT Queer ter sido convidado a participar do processo por meio de carta-convite.

“O convite vai muito além do edital em si, pois toca em um lugar, para o coletivo, que é o do reconhecimento. Isso é de um valor e é tão significativo para nós sabermos que estamos sendo vistos e reconhecidos. Isso não tem preço”, explicou Elton Martins, diretor e roteirista do MT Queer.

Seta

Áreas de Atuação

Ilustracão